sábado, 31 de março de 2012

PIB e FIB

Sai o  PIB ( Produto Interno Bruto) entra o FIB (Felicidade Interna Bruta).

O Instituto de Finanças da Fundação Getúlio Vargas está a desenvolver um novo índice para medir a riqueza do país.

O FIB já existe no reino do Butão um pequeno país encravado nas cordilheiras do Himalaia. Lá a felicidade das pessoas é mais importante que o desempenho industrial. Aqui o PIB será um dos componentes do FIB.

O novo índice, acreditam seus idealizadores, deverá orientar o governo na execução de políticas públicas. Para eles o PIB é um indicador que deixa a desejar por não incorporar dados como o IDH ( Índice de Desenvolvimento Humano) e o nível de segurança nas grandes cidades.

O primeiro passo para definição do FIB já foi dado. Questionário aplicado a jovens adultos em São Paulo e Santa Maria (RS) revelou que a principal preocupação dos paulistanos é com a segurança pessoal e a perspectiva de crescimento acadêmico é a maior satisfação.

Já os gaúchos tem como preocupação a expectativa de conseguir um bom trabalho enquanto mostram-se satisfeitos com a boa vida social.

Resta-nos aguardar a implantação do felicitômetro para avaliarmos a quantas anda a sensação de felicidade entre nós.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 24/03/12

Copa

O evento só ocorrerá daqui a dois anos mas a copa já é um sucesso. Ao menos para a Fifa que já botou para dentro dos seus cofres U$ 900,00 milhões.

Ainda assim, insatisfeito com o andamento dos trabalhos, Joseph Blatter disparou uma crítica aos responsáveis pela competição no Brasil : "Queremos atos e não só mais palavras".

Saiba mais no Diário do Nordeste, edição de 31/03/12

sexta-feira, 30 de março de 2012

Melhor

A revista Scientist elegeu a Fundação Champalimaud como a melhor instituição para trabalhar ciência fora dos Estados Unidos.

Este ano durante minha permanência em Portugal tive ocasião de visitar suas instalações em companhia de sua presidente Leonor Beleza quando pude perceber a importância das pesquisas que ali se desenvolvem reunindo cientistas de todo o mundo.

Está situada em Lisboa, às margens do Tejo, um magnifico edifício que integra os pesquisadores entre si, pacientes em tratamento de câncer e seus acompanhantes, bem assim todos que estejam em suas dependências com o exterior.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Leitura

Conclui a leitura de Isabel I, de Isabel Machado; A esfera dos livros.

Romance histórico, com licenças ficcionais, que trata da vida e do reinado de Isabel I, Rainha da Inglaterra, filha de Ana Bolena e Henrique VIII.

Desavenças religiosas entre protestantes e católicos, guerras entre reinos, insurreições internas, consolidação da Igreja Anglicana, espionagem, anexação de Portugal à Espanha após a morte de D. Sebastião, formação de importantes redes comerciais integradas por judeus constituem o pano de fundo do livro.

Isabel I deu origem a era Elizabetana que marcou a história da Inglaterra como um período de paz e grande prosperidade econômica e a imposição de uma Igreja Anglicana moderada.

Nunca tendo casado ficou conhecida como a Rainha Virgem que resistiu às pressões da Corte para contrair matrimônio e originar descendência que assegurasse sua sucessão.

Teve por médico um judeu português com quem simpatizava que terminou decapitado acusado de tramar contra sua vida. Morreu com a sensação de haver cometido injustiça contra ele.

Com o reino em risco não hesitou em mandar ao cepo  Maria Tudor, católica, Rainha da Escócia, sua prima, que ambicionava seu trono.

Antes de morrer designou o filho desta, Jaime Stuart, seu sucessor.

O livro vale por ser um amplo painel da sociedade europeia, principalmente inglesa, no século XVI.  

quarta-feira, 28 de março de 2012

Perto demais

* Fonte: O Estado de S. Paulo (28/03/2012)

Meu Personagem da Semana (Nélson Rodrigues)

1-    Amigos, o meu personagem é Garrincha. E podia ser Pelé, Garrincha ou Pelé, tanto faz. Um ou outro, mesmo sem fazer nada, é fato, é notícia, é retrato, é manchete. Para o “Paris Match”, mais vale um sorriso de Pelé do que o decote mais nítido, mais violento de Elizabeth Taylor. Mas eu escolhi Garrincha e explico: Dos seus pés (ou de Pelé) pode nascer a flor do Bi.

2-    Ora, dizem que, nesta terra, qualquer um é neurótico, inclusive os passarinhos matinais. A gente anda esbarrando, tropeçando em melancolias, em depressões hediondas. Pois bem, Garrincha não. Eu próprio já escrevi, a propósito do “Seu Mané”: “A única sanidade mental do Brasil”. E, com efeito, a saúde interior de Garrincha é de humilhar esses bebês de anúncio. Sim, de anúncio de talco. 

3-    No fundo, cada brasileiro é uma macaca de auditório de Garrincha. Notem: quando ele apanha a bola, o Maracanã, todo, arreganha um riso unânime e alvar. Não se sabe o que Garrincha vai fazer, qual a jogada que ele vai tirar de seu repertório tremendo. É um riso prévio, um riso que se antecipa à piada. Mas o que eu queria dizer é que pouco conhecemos de Garrincha ou, por outras palavras, que somos analfabetos em Garrincha. 

4-    Alguém dirá que eu exagero, talvez, e daí? Mas nem tanto, amigos, nem tanto. Há em Garrincha uma série de coisas óbvias e que ninguém percebe. Por isso, vivo eu a dizer que só o gênio, só o Miguel Ângelo, só o Shakespeare enxerga o óbvio. Por exemplo: Garrincha não usa chuteiras como um simples craque mortal. Não. Ele joga de duras e franciscanas sandálias. 

5-    Outra evidência ululante, e que ninguém descobriu: o nítido e taxativo parentesco de Garrincha com São Francisco de Assis. Eu disse “sandálias” para definir a relação entre os dois santos. Sei, perfeitamente, que qualquer um, inclusive um “gangster” de filme, tem um momento em que é um São Francisco de Assis, da cabeça aos sapatos. 
 
6-    Sim, de vez em quando, uma vez na vida e outra na morte, qualquer de nós é atravessado de luz como um vitral de igreja. Mas é um instante que passa para nunca mais. Em Garrincha, não. São Francisco de Assis não passa, está sentado na alma do craque. Eu diria, se me relevarem a expressão meio torpe, que o santo é para Garrincha um desses chatos que não largam o sujeito. 

7-    A qualquer hora do dia e da noite, em Pau Grande ou no Maracanã, Garrincha é franciscano. É o único brasileiro, vivo ou morto, que não conhece o ódio e, digo mais, que não conhece uma vaga de irritação. Nós somos um povo de ira fácil. Aqui, todo mundo gostaria de quebrar a cara de todo mundo (e, finalmente, ninguém quebra a cara de ninguém). Vocês se lembram daquele chefe de família que entrava em casa avisando: “Não falem comigo que, hoje, eu estou brigando automaticamente”. 

8-    Garrincha, não. Garrincha, nunca. Faz um futebol sem “foul”. É caçado em campo, a cacetadas, como uma ratazana o era nos tempos de Osvaldo Cruz. É ceifado, dizimado. E só uma coisa admira: é que, no fim de cada jogo, ele não saia de maca ou não saia de rabecão. Pois bem: e jamais ocorreu a Garrincha enfiar o pé na cara de ninguém. É quebrado e, depois, cata no chão os próprios cacos. 

9-    Mas onde Garrincha é mais franciscano, onde? Com as baianas. Sim, com as baianas turísticas, folclóricas, que vendem cuzcuz, pés de moleque, o diabo. E Garrincha prefere as cocadas brancas, nupciais, insiste: virginais. Mas não pensem que ele as come com uma simplicidade animal. Nada disso. Há uma ternura, há um amor. E ele poderia dizer como um santo: “Nossa irmã, a cocada”. 

10- Hoje, está em Campos do Jordão e eu repito: Campos do Jordão é um cimo lívido, varado de ventos tristíssimos, de ventos inconsoláveis. Faço então a pergunta: por que meter Garrincha e o “scratch” na geladeira, por quê? Alguém dirá que é uma preparação para o frio dos Andes. Mas pelo contrário! O brasileiro é canicular. Há, nele, uma feroz e eterna nostalgia de canícula. Devíamos entupir, devíamos abarrotar Garrincha e o “scratch” de sol, de muito sol. Para derrotar o abominável frio chileno. 

11- Algum Drummond podia ir, de porta em porta, pedindo: “Sejamos docemente Garrincha!” Ser Garrincha é uma solução para milhares, para milhões.

* Fonte: O GLOBO/Esporte - Sábado, 24 de março de 2012

Poesia

AO FIM

Ao fim são muito poucas as palavras
que nos doem a sério e muito poucas
as que conseguem alegrar a alma.
São também muito poucas as pessoas
que tocam nosso coração e menos
ainda as que a tocam por muito tempo.
E ao fim são pouquissimas as coisas
que em nossa vida a sério nos importam :
poder amar alguém, sermos amados
e não morrer depois dos nossos filhos.

Amalia Bautista
Cuéntame-lo otra vez (1999)

terça-feira, 27 de março de 2012

Patrulha

Não conheço a Ministra Ana de Holanda. Sequer sabia de sua existência como cantora ou membro do clã Buarque de Holanda até que foi nomeada por Dilma Roussef para o cargo de Ministra da Cultura.

Não possuo elementos para fazer uma avaliação isenta de sua atuação. Considero-a tímida e excessivamente discreta para a evidência que a função acarreta e o enfrentamento com os algozes que cobram sua cabeça.

Sua aparência frágil e desamparada, em meio ao vespeiro de Brasília, atrai minha simpatia.

Agora a imprensa traz a notícia de que poderá ser investigada pela Comissão de Ética da Presidência da República por ter recebido seis camisas da Escola de Samba Império Serrano que lhe davam acesso a local privilegiado para assistir ao desfile no Sambódromo.

Diante do que ocorre na capital federal dá para pensar que a iniciativa contra ela não passa de uma brincadeira sem graça.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Dicionários

O comportamento politicamente correto consiste numa atitude que visa evitar constrangimentos, discriminações, preconceitos, em razão de etnias, cor, religião, gênero, política e preferencias sexuais.

Tem por fundamento justiça, solidariedade e humanismo.

Uma interpretação excessiva, radical, dessa ideia tende a desmerece-la e até ridicularizar algo que era inicialmente uma boa iniciativa.

Uma visão alheia à história tem levado a ações descabidas como a proposta de modificação de livros de Monteiro Lobato por considerar seus conteúdos racistas.

Ao enveredar por esses caminhos os caçadores de incorreções políticas teriam muito o que fazer em relação a incontáveis obras da literatura brasileira e mundial consagradas através dos anos.

Fariam melhor se olhassem a obra e o contexto histórico dentro do qual foi escrita.

O exagero desses patrulheiros da assepsia política chega agora aos dicionários. Incursionam contra verbetes do Houaiss que consideram acolher usos pejorativos do vocábulo.

Uma das vítimas dessa patrulha é o termo cigano para o qual o dicionário registra significado usado de forma ofensiva àquele povo, no passado ou no presente.

Parece pois uma rematada tolice investir contra acepções de vocábulos dicionarizados, por serem, ou terem sido de uso do povo, sem que isso implique em endossar significados colhidos em pesquisas linguísticas e lexográficas.

Para quem se interesse pelo tema recomendo a leitura da crônica de Lya Luft, Vamos Queimar os Dicionários, na revista Veja, edição de 14/03/12.

domingo, 25 de março de 2012

Indicação

A economia do mundo está doente.

Talvez por isso Barack Obama tenha indicado um médico americano de ascendência sul coreana, Jim Yong Kim, para presidir o Banco Mundial.

Tradicionalmente o FMI tem sido dirigido por europeus e o Banco Mundial por americanos.

A propósito, a Presidente Dilma em vilegiatura pela India para uma cúpula dos BRICS, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mostra interesse pela criação de um banco a ser instituido por esses paises.

Segundo ela os paises mais ricos resistem a aceitar nas instituições financeiras internacionais um maior protagonismo dos emergentes. Além do que elas estariam com sua capacidade de financiamento saturada.

Produção

Produzir bens industriais no Brasil ficou caro, muito caro. Mais que nos Estados Unidos.

O câmbio, com o real valorizado em relação ao dólar é uma das causas, mas não a única.

Despesas importantes, como energia e mão de obra, subiram muito mais no Brasil que nos Estados Unidos.

Além disso a inflação brasileira foi mais alta que a americana encarecendo nossos custos.

A desindustrialização é um fantasma diante de nós.

Saiba mais no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 18/03/12

Leitura

Acabei de ler Meus dias de escritor, de Tobias Wolff, Ediouro.

Numa escola, rapazes aprendizes de escritor concorrem com seus textos à aprovação de autores reconhecidos com direito a um convívio privado quando da vinda deles ao internato.

Rivalidades, ostensivas ou disfarçadas, idiossincrasias dos mestres, rituais tradicionais e um plágio que marca o ápice do enredo.

O último convidado, Hemingway, mata-se antes de visitar o colégio.

Recomendado.